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Meersalz é um projecto de Leon Baldesberger, trompetista nascido em Faro que fez a sua formação entre o Conservatório Regional do Algarve, “workshops” conduzidos por Zé Eduardo e um mestrado na Escola Superior de Música de Zurique. “Grilled Orange” é o terceiro álbum do grupo que lidera com Miguel Martins na guitarra, Léo Vrillaud no Fender Rhodes, Luís Henriques no baixo eléctrico e João Melro na bateria, lançado nas plataformas digitais ao contrário dos anteriores “Störfaktor” e “Odd Matters”, que tiveram edição em disco. O músico luso-suíço descreve a sua abordagem ao jazz eléctrico como «augmented minimal odd-meter», ou seja, uma combinação entre ritmos complexos e harmonias latas com padrões minimais em que a improvisação, tanto colectiva como desenvolvida nos muitos solos, tem um papel fundamental.

É o que ouvimos, precisamente, ao longo dos temas, o que faz com que o formato já muito batido de fusão entre jazz, funk e rock ganhe características algo inusitadas, entregando-nos uma música que ganha personalidade, interesse e novidade à medida que a vamos ouvindo, num momento ou noutro chegando mesmo a surpreender-nos. Baldesberger não é apenas um bom trompetista – e um trompetista que, coisa nada vulgar num contexto como este, consegue escapar aos determinismos milesianos –, é também um compositor com ideias ambiciosas e originais a que importa darmos atenção. As preferências deste ouvidor vão para a peça inicial, “Citrus”, e para a saltitante “Salamandras”.

Rui Eduardo Paes, March 2021 in jazz.pt 

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Leon Baldesberger (1982, Faro, Portugal) es uno de los músicos de jazz portugueses más internacionales. Hijo de una pareja suiza, a los nueve años empieza a tocar la trompeta y a los diez años ya tocaba en una banda filarmónica. Ha participado en  diferentes  masterclassescon  Maria Schneider, Nils Petter Molvaer y Andreas Vollenweider entre otros.

Durante su estancia en  Zurich, en la Escuela Superior de Música de Zurich (ZHdK), desarrolló su proyecto de grupo estudiantil, Meersalz (Sal Marina), que fue nombrado “Best of Swiss Jazz Bachelor” en 2012. 

Ha tocado con músicos como Tom Harrell, Dena DeRose, Zé Eduardo, Marena Witcher, por citar unos pocos. Ha trabajado en diferentes formaciones como solista. También ejerce como como profesor.

Con Meersalz, grupo que lidera,  ha pubicado en 2016 “Störfaktor” y posteriormente  “Odd Matters” en 2019.

 “Grilled Orange” es su tercer álbum. El disco lo integran  seis temas compuestos por el propio Baldesberger y que nos transmiten buenas sensaciones. Temas originales en su planteamiento y desarrollo que contemplan estructuras predeterminadas y un amplio espacio  para la improvisación. Así podemos escuchar acordes futuristas que desembocan en un raudal de buen swing con la trompeta de Baldesberger a la cabeza, como en el tema que abre el disco, “Citrus”. Pero también, junto a un sonido vanguardista, podemos escuchar otros pasajes que nos retrotraen a sonidos de los años 70 u 80, como en “Salamandras”. Y de aquí, a lo sonidos más experimentales y minimalistas del primer tercio de “Se-Te”, hasta que el bajo de Henrique inicia una cadencia que continua el piano de Vrillaud y el propio Baldesberger seguido por la guitarra de Martins, que realiza un buen solo. 

“Choviscos” comienza con una preciosa guitarra con un tratamiento sonoro que recuerda a un sitar, desgranando notas al más puro estilo hindú. Y  de nuevo, un cambio radical nos transporta a un ambiente jazzístico  donde Baldesberger vuele a deleitarnos con un sonido muy bonito de su trompeta. No es fácil predecir por donde nos llevará el tema que vuelve a cambiar el registro. Tema muy interesante.

Un ostinato como el que inicia y que se mantiene durante todo su desarrollo de “Blue Grilled Orange” da pie a que todos los instrumentos se expresen con total libertad.  

El disco se despide con “Pulga”, otro tema en la línea de los anteriores, donde los intérpretes se citan unos a otros en lugares insospechados donde se explayan sin la más mínima cortapisa.

Leon Baldesberger de alguna forma es el catalizador del caudal musical que genera Meersalz.

Smooth,  fusión,  blues, vanguardia, sonido electrónico, jazz, todo esto y más podemos encontrar en este interesante disco donde los ritmos complejos se dan cita y donde la improvisación es una protagonista importante.

José Ramon, February 202, in La habitación del jazz

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O trompetista e compositor luso-helvético (nasceu em Faro e fez a sua formação musical em Zurique) Leon Baldesberger tem neste “Odd Matters” o seu segundo álbum. E que segundo disco é: numa audição superficial descobrimos um jazz-rock que se caracteriza pela combinação de uma guitarra eléctrica (Miguel Martins) e de um baixo eléctrico (Luís Henrique) com um piano de cauda que se destaca pelo contraste (Alexandre Dahmen) e por uma bateria picada que é “groovy” sem deixar de ser textural (João Melro), com o trompete do líder a surgir tanto em versão limpa como com processamentos, sem que isso signifique – o que já por si é uma raridade – a assunção de uma influência de Miles Davis.

Mas há mais que se diga: os ritmos e as harmonias são complexos, mas sustentam-se em padrões minimais, senão mesmo minimalistas, e as improvisações levantam a música do chão, libertando-se dos, regra geral simples, temas melódicos. Os tempos e as métricas utilizados são, como o próprio título indica, pouco ortodoxos. A fórmula é apresentada pelo próprio Baldesberger como «augmented minimal odd-meter», o que, se revela uma especial preocupação com as estruturas, não torna estas impositivas. A música é vibrante e sentida, adicionando à competência instrumental de todos os cinco intervenientes um conceito personalizado e uma sua boa aplicação prática: se em termos formais há uma adesão a correntes estéticas já há muito definidas, os conteúdos singularizam-na. A idiossincrasia da proposta de Leon Baldesberger e dos seus companheiros não está na casca, nasce de dentro, do caroço, e preenche toda a polpa. Mais uma surpresa a registar no jazz português, com momentos (oiçam-se, por exemplo, “Resina” e “Heiss”) que nos arrebatam.

Rui Eduardo Paes, February 2019, in jazz.pt

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